sexta-feira, 19 de março de 2010

"O MELHOR"

Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser ter o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, o melhor telemóvel, o melhor calçado, o melhor vinho.
Bom não basta! O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros para trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça, e, é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas nascem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, parece-nos superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada anúncio na TV convence-nos de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah! Os outros...) estão a viver melhor, a comprar melhor, a amar melhor, a ganhar melhores salários.
E não relaxamos, porque temos que correr atrás, de preferência com as melhores sapatilhas.
Não é que devemos se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não conduzo a 190, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de stress porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela televisão de não sei quantas polegadas que ocupa muito espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele champô que usei durante anos tem que ser posto de lado porque agora existe um melhor e os outros usam, mas, é dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos tem impedido de desfrutar o "bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas é acolhedora, no emprego que não ganhamos tão bem, mas que gostamos, a televisão que tem uns anitos, mas funciona bem. O homem/mulher que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos". As férias que não vão ser no estrangeiro, porque o dinheiro não deu, mas vou estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na
busca do "melhor" que nunca nos apercebemos?


Texto de Leila Ferreira

4 comentários:

  1. Toninho, vc me surpreende eu adorei, cada dia melhor seu espaço...Querido amigo mostrou ao que veio e veio fazer a difeensa, isso mesmo!! o cara o Toninha é show...
    com carinho
    Hana

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  2. Olá, agradeço pela visita ao meu blog, estou tentando desabafar e ajudar, ter novos amigos, novas ideias, enfim o sofrimento tem seu lado bom, estou superando mas a sicatriz vai ficar, um forte abraço, gostei muito do seu blog e vamos mantendo contato ok, bjuuus!

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  3. Vim desejar ao meu amigo umlindo domingo, e uma semana fantástica!
    com carinho
    Hana

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