domingo, 13 de março de 2011

Gerações e gerações

"Eu até participava na manifestação de 12 de Março. Queria mesmo. Porque também pertenço à geração à rasca que não têm dinheiro para pagar as contas da electricidade. Mas não posso, dia 12 parto de férias para o Brasil"        
                                    Declaração de uma locutora de rádio de uma estação qualquer
Todavia, uma coisa é protestar, outra é apresentar propostas para mudar e pior ainda é reivindicar exigindo apenas direitos. Até ao momento só assisti a reivindicações: segurança no trabalho face aos falsos recibo verdes, salários mais justos perante vencimento de 500€, etc, etc... Consideram-se como a geração mais formada de sempre.
Está esta geração preparada para reconhecer que a produtividade em Portugal tem de aumentar os bens transaccionáveis com condições de exportação ou pretendem na generalidade dedicar-se à prestação de serviços?
Está esta geração com vontade de analisar as grandes opções políticas do País para que se escolham investimentos capazes de dinamizar a economia nacional e a sua concorrência internacional ou preferem coleccionar gadgets, ir de férias para a República Dominicana e “papar” as pontes todas e feriados, em vez de exigir grandes obras públicas enquanto as nossas fábricas fecham?
Está esta geração preparada para progredir pelo mérito do seu trabalho (não é emprego, é trabalho) e disponível para se adequar às necessidades de trabalho ou mantém a vontade de que a mera contagem de tempo é suficiente para subir o vencimento e só faz exclusivamente o que considera da sua competência?
Eu também me considero pertença desta geração, não me considero à rasca e muito menos rasca, como me chamou um político certa vez. Agora considero-me apreensivo com o futuro. Como optei por trabalhar e não ser “Dr.” Ou “Engº” de um qualquer curso, e sempre tentei dar passos pequeninos, vou-me aguentando razoavelmente.
Pessoalmente não sou a favor de greves e de manifestações, mas respeito quem as faz, sou um pouco mais radical. Por cada queixa, arranjo uma solução e vou á sua procura.
Por outro lado olho para muitos destas gentes e reparo, tenho uma profissão muito boa para reparar, lido com todo o tipo de pessoas e observo os seus comportamentos. Se não vejamos: Os nossos jovens, em cada meia dúzia de palavras que dizem, uma é asneira, e falar mal de qualquer coisa. Não respeitam, nem acatam de bom agrado a opinião dos mais velhos. Desconhecem o significado da palavra “obrigado” como tal, não a utilizam... Não têm no léxico a expressão “por favor…”, dar os “bons dias” é coisa do antigamente. Mandam os pais à “merda” com certa facilidade. Charros é coisa banal, consumir muito álcool é sinal de inteligência. Porque são porcos, não sabem o que é um caixote do lixo, (pelo menos no meu autocarro). São fúteis, baldas e preguiçosos… Verdade seja dita que a responsabilidade desta situação, ter chegado aonde chegou, muito se deve à atitude dos papás (a geração anterior?).
Muitos destes, pensam que educar, é dar tudo o que é fixe, moderno e tecnologicamente avançado: Boa roupa de marca, dinheiro no bolso para comer “fora” e telemóvel topo de gama. Tudo para os meninos ficarem bem na fotografia do “grupo”. Não se pode deixar de responsabilizar (também) os sucessivos Governos que em prol da modernidade e evolução civilizacional, legislaram sempre políticas falhadas e arruinadoras do real interesse da juventude estudantil e optando apenas pelo “facilitismo educacional”.. Uma sociedade pobre. Pobre em cultura, em valores, em dinheiro. Não adianta vender PC’s baratos, aumentar a idade da escolaridade obrigatória ou incentivar a cultura das “Novas Oportunidades”. Somente com boas políticas de ensino, bem estruturadas e com mais apoio da família (é obrigatório a mesma ser responsabilizada) se consegue fazer algo de positivo. Mas depois o que acontece no dia de votos? Vamos dar um passeio, vamos à praia, vamos ao shopping… “porque eles são todos iguais, só querem é para eles”
É só a minha opinião, mas reparei que o texto vai longo, e muito mais tinha para dizer, também misturei um bocadinho de outro assunto. Que isto está mal, está! E alguma coisa tem que mudar, uma coisa é certa esta geração já nos pôs a falar, a pensar e a deitar cá para fora…

1 comentário:

  1. Finalmente alguém que anda atento e pensa como eu!

    A fotografia utilizada não podia ser mais representativa da "geração à rasca".

    O tempo que se andam a manifestar, porque não se ocupam a arranjar as soluções para que as coisas possam mudar?

    Pensar custa não é?

    Um abraço

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