quinta-feira, 29 de abril de 2010

A simplicidade da felicidade

A felicidade é muito simples, assim dizem os entendidos, resume-se a incorporar a criança feliz que fomos no nosso interior novamente, fazer as coisas que temos que fazer diariamente, como fazíamos nossas obrigações infantis. Com alegria, com entusiasmo, independente de qual situação passamos. Confesso que concordo com esta perspectiva. Se olharmos para uma criança a brincar com os seus amigos, vemos que ela corre, cai, brinca, briga por alguns momentos, magoa-se, mas nenhuma sensação ruim dura mais que cinco minutos. Ela simplesmente deixa passar, sem guardar mágoa ou rancor, e logo volta a brincar e a divertir-se de novo. Logo volta a sorrir com algo novo que descobriu.
A nossa vida adulta seria mais simples, se estivéssemos preocupados com as coisas novas que descobrimos, não guardando magoa nem rancor do que nos acontece, e vendo cada queda, cada arranhão, como uma oportunidade de aproveitar e aprender a viver sempre o melhor da vida…
Em criança subi em árvores, corri, pulei muros e roubei fruta nas fazendas. Tenho cicatrizes que provam minha infância, e hoje, mais maduro, entendo que se tivesse visto as cicatrizes que adquiri actualmente, nas quedas da vida adulta, como via um arranhão quando era criança, teria aproveitado mais cada momento.
Tento ser feliz hoje, despertei a criança interior que vive em mim, despertei a alegria de viver que tinha quando brincava na infância, após muito tempo deixando a vida endurecer-me. Decidi mudar esta forma de pensar, de ver o lado positivo em cada queda, de aprender a sorrir quando a raiva, o desgosto e a magoa tomam conta de mim..
Ver a beleza em coisas simples, ver a beleza em um sorriso espontâneo, ver a beleza em momentos, e fazer de cada momento um momento feliz. A felicidade não é um sentimento eterno e fixo, a felicidade tem movimento, vai e vem, e aprender a viver este movimento é a chave de ter uma vida melhor. A felicidade é como a perfeição. A perfeição pode ser descrita como o mar, ou como o céu, sempre em mutação, sempre em movimento. Se aprendemos a nos movimentar, talvez aprenderemos a ser felizes, a viver melhor.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.


O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...


Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.


Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.


O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa


Para todos os stressados...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pensamentos III


É preciso não pensar na idade mas vive-la, é preciso antes de tudo encontrar a paciência, suprir a necessidade da mente em busca do dia-a-dia na consciência de entender que podemos e devemos lutar para vencer, mesmo que, já tivesse sido derrotado alguma vez, mas, sem nunca perder as esperanças.
Porque o comodismo é uma total ineficiência que provoca o transtorno dos sentimentos que ajudam a encontrar o caminho para paz.
A vida é todo um espaço de tempo que temos para pensar no momento em que estamos consciente do que fazemos em benefício do amanhã.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Impróprio para consumo

Nunca sentimos, na vida real, a felicidade que acreditamos existir. Nossa crença nela é justificada pela fachada sorridente dos outros, assim como eles acreditam na nossa. Por isso é comum tantos viverem em função da felicidade alheia. Todos sempre sorrindo, muitas vezes infelizes. Enganam-se e vivem uns pelos outros em nome de uma felicidade que não sentem. Como pensamos que a felicidade é a única coisa capaz de justificar a vida, tornamos obcecados em ser úteis. Buscamos acreditar que os outros são felizes para que isso justifique nossas vidas, ao menos como um meio para a imortal felicidade que de nós sempre se esconde.
Trata-se da projecção de nossas expectativas nos demais, e esse é o motivo pelo qual a felicidade sempre se encontra do lado de lá, pensamos que os outros podem ser felizes como nós gostaríamos de ser. Sabendo disso, voltamos a eles, fazemos um favor qualquer, e eles sorriem-nos uma prova de que a felicidade existe. Dela fazemos parte porque de nós veio o favor. As nossas mentiras, umas vezes reflectidas nos outros, tornam-se verdades, também a felicidade é regida pelo princípio da hipocrisia suficiente
Sentem-se miseráveis, mas acreditam que nós sejamos felizes. Se eles vivem para nós, e nós para eles, onde está a felicidade? O círculo rompe-se porque não conseguimos nos enganar sorrindo para nós próprios. A solidão muitas vezes cai sobre as nossas cabeças como uma prova irrefutável de que ser feliz é um paradigma muito complexo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Apetece-me escrever

Fico até com vergonha de postar isto. Mas estou para aqui às voltas, ainda começo a ficar deprimido sem saber o que escrever e vontade não me falta, e eu hoje que até me sinto bem com o sol radioso que está lá fora.
Apetece-me escrever, mas não sei o quê. Fico quieto. Já meti o cérebro a descoberto mas não funcionou. Vou expiar a culpa baseado no tamanho do cérebro:).
Só estou a escrever isto para ver se bate alguma inspiração, se tenho algum tema na cabeça e até para ter interesse para os meus aproximados 2,5 leitores.
Apetece-me escrever mas estou quieto, respiro fundo e continuo quieto. Vou-me levar pela apneia de nem sequer pensar nisso.
Vou repousar firme e hirto no sofá e ganhar musgo. Depois, baseado em factos parcelares, vou construir uma história num bloco de gelo mas vou-me esquecer dela ao sol.
Ultimamente a minha vida tem sido agitada, com movimento e assunto não faltaria mas nem assim. De qualquer maneira, prometo a mim mesmo que vou tentar escrever alguma coisa que preste esses dias, quem sabe até mesmo hoje.
Vês o texto lá ao longe, cada vez mais perto? Acena-lhe.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A morte

NÃO SOMOS AFECTADOS PELAS COISAS…
A morte coloca-nos diante da mais simples verdade, e da única certeza absoluta que temos, nem mesmo o mais céptico pode duvidar. A dor que nos dilacera nestes momentos, o chorrilho de pensamentos não cabem em palavras. O que dizer a quem perdeu um ente querido? Não é fácil. Por mais sincero que seja o que proferimos em tais circunstâncias, não é suficiente para aliviar a dor e ainda pode soar formal.
A morte também é elucidativa. Ela ensina, mostra o quanto somos frágeis e explicita a efemeridade da vida. Não podemos confiar no amanhã, pois nada nos garante que estaremos vivos. No entanto, precisamos nos iludir, pois é insuportável imaginar a ausência do ser no dia que segue. Devemos valorizar cada segundo como se fosse o último.
Falo disto porque faleceu alguém das minhas relações, da minha idade, e  ao que parece o único motivo que teve para falecer foi o facto de estar vivo, pois sentiu uma dor e caiu para o lado, nada mais simples. Sem dar conta parei para pensar, o quanto é o tamanho da minha mesquinhez, passo o tempo com lamechas e coisa insignificantes, quando devíamos preocupar-nos em viver, pois pode-se perder a vida enquanto Deus pestaneja os olhos.
Infelizmente só pensamos na morte quando morre algum conhecido. Quando isso acontece num círculo mais próximo é possível constatar a falta de preparo que todos temos para lidar com o assunto. São dezenas de dúvidas de todos os tipos, desde aquelas bem práticas até as existenciais. O facto é que não estamos preparados para ela nem queremos estar.


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Porque escrevo...

Eu escrevo porque sinto necessidade de escrever. Escrevo porque por vezes estou irritado com o Mundo. Escrevo porque me sinto sozinho, talvez eu escreva porque espero entender como sou. Escrevo porque gosto de ser lido, porque gostava de ser útil. Escrevo porque a passividade que preenche as palavras depois serão lidas com firmeza, porque o valor que têm permite-me reinventá-las ao sabor da minha imaginação, escrevendo triste para depois as ler feliz. Às vezes escrevo algo profundo e reflexivo, noutras simplesmente o que me vem á cabeça. Mas o facto é que escrevo para expressar melhor as minhas ideias a mim mesmo, mesmo que ninguém leia. É como se na minha cabeça produzisse muitos pensamentos que preciso encontrar um lugar para serem arrumados e necessitassem da aprovação de alguém. Enfim, sinto necessidade de desabafar de quando em vez. Não acho, aliás, que estou a fazer alguma coisa muito importante ou que tenho opiniões muito originais.
Escrevo porque desejo escapar do mau presságio de que há um lugar aonde eu devo ir, mas onde, como num sonho, ainda não cheguei por completo. Escrevo porque não consigo ser mais ninguém que não eu próprio. Eu escrevo porque sonho.
E vocês, escrevem porquê?