quarta-feira, 13 de outubro de 2010

1 ano

Era novo, praticamente um adolescente como outro qualquer, descobrindo a realidade da vida. Tinha as minhas decepções amorosas, notas razoáveis e momentos de alegria, muitos de tristeza, mas nessa confusão toda de sentimentos e sem com quem contar encontrei um amigo, companheiro, um consolo. Nem me lembro quando o conheci, acho que nascemos e crescemos juntos. Criava-me sensações divinas e todos os meus problemas se transformavam em risos. Na verdade nem me lembrava deles. Ao fim de toda essa sensação, este estado de alegria, tornamos amigos inseparáveis. Para tomar decisões importantes consultava-o sempre. E passaram-se dias, semanas, meses, anos e estávamos lá sempre que preciso, ele lá estava para me ajudar eu e ele juntos. Qualquer motivo era para estarmos juntos, por consolo ou comemoração. Com ele eu era o que queria ser. Um ser pleno de interioridade, brilhante como um sol. Era uma irrealidade no mundo real.

Tempos ouve quem me avisa-se, éramos amigos íntimos demais, era má companhia. Todos estavam contra mim, contra nós dois. Foi percebendo que o meu amigo estava a de certa forma a controlar e a baralhar os meus mais que baralhados sentimentos. Mas pouco liguei e o tempo passou e tudo continuou. Quando era preciso ele lá estava, encontrávamos mais às escondidas. Com o tempo fui vendo aquilo que nunca quis ver, era melhor cortarmos relações, ele nunca me controlou a vida mas era melhor ir cada um para seu lado, sabia que era difícil, pois amigo tão antigo e tão bem camuflado que ninguém nota não se vai embora assim só por ir. Mas com mais ou menos ajuda consegui e hoje faz um ano que não nos encontramos, embora ninguém se lembre, embora muitíssimos poucos saibam. Eu sei! Eu lembro-me! Sinto um misto de sensações, não sei se é motivo para ficar triste, escrevo mas não consigo dizer o seu nome, ou feliz por ter passado um ano sem ele. Vejo-o todos os dias mas não lhe ligo Mas sinto-me bem quando me lembro, afinal é um ano e não custou assim muito.
Agora só falta esperar pelo próximo ano e saber quantos mais anos vamos ficar separados. Viva eu!!!

3 comentários:

  1. só te posso dizer que a verdadeira amizade, não sugo o poder vital do outro,dá liberdade, e fica feliz com a felicidade do amigo, pelo que contas parabéns por este ano que te libertaste.
    Bj

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  2. Bom dia
    Estive aqui a ler o teu texto e nem sei se percebi. Não quero interpretar sentimentos nem vidas diferentes...muito menos magoar alguém.

    Para mim que continuo a gostar tanto dos meus amigos, seria um crime separar-me das suas amizades.

    Cortar e afastar...só se essas amizades não são boas nem fazem as pessoas felizes.

    Tenho e conservo amizades desde o meu tempo de menino e que ao longo da vida sempre nutri e cultivei muitas mais.

    Parece que hoje cada amigo/a faz parte da minha família. Quantas partilhas em comum e quantos problemas vividos....quantas ajudas e palavras mais duras para nos acordar para a vida ...bons conselhos...

    Peço a Deus por todos os meus amigos e que Deus a todos conserve em paz e saúde.

    Todos os fins de semana existem sempre amigos nossos ou dos meus filhos que nos visitam e que repartem amizade com respeito e alegria.

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  3. Olá amigo! Relembrar que faz um ano, é conserteza a pena de que essa amizade tivesse que ter acabado! no fundo quando alguém de quem gostamos muito nos desilude, nós até nos podemos afastar, mas não é por isso que deixamos de gostar e de nos importar com ele!
    Também tive um caso assim, fui quase intimada para me afastar de uma amiga, e afastei-me... mas falei com ela, expliquei-lhe o porquê! Hoje falo com ela, mas não ando com ela! A amizade no entanto fica, temos que respeitar os outros como eles são, e se a sua maneira de ser nos prejudica de alguma forma, é melhor afastar!
    Se assim está melhor, força! mas sinto no fundo que ainda gosta do seu amigo e se importa com ele! Isso é normal nas pessoas de bons sentimentos!
    Beijinho da amiga anónima!

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