domingo, 22 de agosto de 2010

Excessos da vida quatidiana

Ao ver um programa no Discorvery sobre a vida quatidiana do ser humano fiquei a pensar se será que estamos satisfeitos com o modo como vivemos hoje? A resposta a esta pergunta na minha opinião, tem a ver com o modo como conduzimos a nossa vida, se somos hipnotizados pelos apelos do consumo.


Já repararam como há uma variedade de ofertas para cada coisa que fazemos? A vida parece um grande supermercado onde existe um sortido rico muito grande de coisas para escolher. Isso não está relacionado somente a uma variedade de produtos no mercado. Há também uma variedade de ideias, de concepções morais, de religiões. Podemos ir mais adiante. Essa variedade reflecte-se nos excessos que acontecem à nossa volta. Excessos de violência, de informação, de alternativas, de diferenças, de preferências...

A diversidade não é ruim de todo, mas o excesso tem causado uma séria crise: a oferta tem sido maior que a nossa capacidade de assimilar. E isso tem provocado um certo medo tomar decisões, de fazer escolhas. O receio de fracassar ou de tomar uma decisão agora e depois deparar-se com uma situação melhor.

As maneiras como se constitui a sociedade contemporânea, todos os apelos destinam-se a criar sentimentos de desejo ou aversão nas pessoas. Ir atrás de coisas novas ou diferentes nunca satisfaz, e jamais teremos a satisfação se entrarmos num ciclo interminável de ganhar e gastar, de desejar e de arrepender.

O antídoto para o sentimento de ansiedade provocado pelos excessos é o contentamento.

O contentamento não é o resultado de fazer ou ter. Não basta reorganizar a vida somente do lado de fora, adoptando um estilo de vida isento do consumismo, o que é impossível. Vale a pena adoptar um estilo de vida mais simples, ter uma dieta mais natural, diminuir o de prestações, reduzir as dívidas, reservar mais tempos com os amigos e família, etc, etc...

O contentamento é uma experiência interior, um modo de ser, que não é dominado pelos apelos exteriores.

O que pode causa insatisfação na vida das pessoas é a projecção, que é o erro de atribuir um aspecto, negativo ou positivo, da nossa vida interior a alguém ou algo exterior. Como se transferíssemos para os outros ou para outras coisas a responsabilidade de sermos felizes ou infelizes. E por conseguinte leva-nos a elogiar ou a culpar pessoas. Projectamos nos outros atributos negativos (preguiçoso, ganancioso, invejoso, covarde, etc.) e positivos (confiável, amoroso, fiel etc.). Movidos por essa projecção, agimos de modo emocional, compulsivo e desproporcional por vezes. A maneira de superar as projecções e parar de culpar o mundo pela sua insatisfação é aceitar honestamente como somos, aceitar a realidade da nossa vida.

Outro factor é termos uma visão distorcida de como realmente somos, quando pensamos e agimos como se fôssemos mais do que realmente somos, cheios de expectativas e até mesmo de arrogância. Logo a vida quotidiana leva-nos a uma inflação, voltada para o progresso, para o consumo, para o excesso. Todas as vezes que nos inflamamos, pagamos um preço. Toda a inflação é seguida de uma deflação, que é uma visão de nós mesmos só que em menor tamanho daquilo que realmente somos, um sentimento de insuficiência, de negatividade, de alienação, de solidão.

1 comentário:

  1. Eu acho que existe já uma diferença entre estarmos concientes de que somos excessivamente materialistas e o sermos meros consumistas automatizados. Ou seja, alguns de nós já podem dizer, que não podem escapar mas já estão mais conscientes e tentam inverter a situação.

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