quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O sentido

Qual é o sentido da vida, da existência? Qual é a essência que nos mobiliza? Queremos não querendo, desejamos, não desejando, sem saber realmente para onde nos encaminhamos. Cada momento pode ser determinante no percurso de vida; quando fazemos uma opção desconhecemos a multiplicidade de caminhos paralelos alternativos, jamais saberemos se esta realidade é realmente a melhor. O que fazer então? Viver cada momento e tirar partido dele, como se do último se tratasse, mas claro, sem comprometer os que se seguem... será isso realmente possível? Por outro lado, as realidades paralelas não são cruciais, têm importância na medida em que nos são úteis e nos fazem felizes, caso contrário, podemos abrir mão delas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Opinião de um Zé Povinho

Sempre segui o processo Casa Pia com alguma atenção e curiosidade. Com arguidos famosos e cometidos tão horrendos crimes, e sabendo nós no país em que vivemos, só podia ter alguma curiosidade em saber o final desta telenovela tipicamente portuguesa. Uma conclusão de entre várias, eu tirei; os jovens casapianos foram abusados sexualmente, por quem?! Não sei! Os condenados juram pela alma das mãezinhas deles que não foram, deve ter sido obra de fantasmas ou espíritos.
Foram 5 anos de julgamento. Foram ouvidas centenas e centenas de testemunhas. Foram atirados nomes de pessoas para o ar que talvez nada tinham que ver com o processo, mas outros talvez tivessem a ver. Os magistrados foram postos em causa do primeiro ao último dia. Os advogados, como era de esperar, contribuíram mais do que ninguém para o atraso do andamento do processo. Os arguidos viram as suas vidas adiadas. As vítimas ficaram a aguardar. O país inteiro especulou, difamou e, mais do que tudo, duvidou. Duvidou e continua a duvidar, e é este o principal problema deste processo - a dúvida.
Todo este processo fez crescer questões legítimas. Não me lembro de um tempo em que não se dissesse "isto está tudo mal" ou "os poderosos safam-se sempre" ou outras larachas do género. A verdade é que, com este caso, há questões que fazem todo o sentido. A dúvida está instalada. Ela é, agora, objectiva e inevitável. Não há alteração de legislação, mudança de liderança ou reforma do sistema que safe a imagem da Justiça do nosso Portugal, como dizem os mais melancólicos “deste belo cantinho à beira mar plantado” que nestes caso mais parece o cu da Europa. Se o cidadão não acredita e rejeita a Justiça, ela não existe.
Chegados ao fim da primeira parte, pois, pois! Agora vêm uma parafernália de recursos para instâncias superiores, corre-se o risco de prescrever. Resta-me pensar aquilo que verdadeiramente me preocupa em concreto; Será que a justiça existe mesmo? Ou não será uma mera vã palavra? Serve para quê? Haverá pessoas acima da justiça? Quem tem dinheiro, pode contornar a justiça?