O cavaleiro encolheu os ombros e sorveu o líquido através da palhinha. Os primeiros golos pareceram amargos, os seguintes mais agradáveis e os últimos tragos bastante deliciosos. Grato, o cavaleiro devolveu a taça a Merlim.
-Devias vender esta coisa no mercado. Ficavas rico.
Merlim sorriu apenas.
- O que é? – Perguntou o cavaleiro.
-Vida – respondeu Merlim.
-Vida?
-Sim - afirmou o sábio mago. - Não pareceu amargo no princípio, e depois, à medida que lhe ias tomando o paladar, não se tornou agradável?
O cavaleiro acenou com a cabeça: - Sim, e os últimos tragos foram absolutamente deliciosos.
-Foi quando começaste a aceitar aquilo que bebias.
-Estas a dizer que a vida é boa quando a aceitamos? – Indagou o cavaleiro.
Não é assim? – Replicou Merlim, elevando divertidamente um sobrolho. (…)
Na manhã seguinte, despertou com um pensamento estranho a pairar na sua mente: seria possível que ele não fosse virtuoso, amável e dedicado? Decidiu perguntar a Marlim.
- O que achas? – Replicou Merlim.
- Porque respondes sempre as perguntas com outra pergunta?
- E porque tu procuras sempre nos outros as respostas as tuas perguntas?…
Pequeno excerto do livro “ O cavaleiro da armadura enferrujada
peixe e pão [poema 386]
-
o peixe na brasa, o pão
indizível
as mãos que acenam são as pessoas a pedir
há uma multidão por detrás das coisas
é o milagre que acontece
quando o pe...
Há 1 dia